Gente, se ligue nessa! Domingo, dia 15/01/12, às 10h, no Corredor da Vitória, em frente ao ACBEU vai rolar "O Mar pela Greta". Iremos ocupar a calçada vestidos com trajes de banho e confraternizar o que resta de vista para o mar. Levem binóculos, acessórios de praia, crianças, gato, cachorro, periquito e comidinhas e bebidinhas para completar a grande ceia: FRANGO COM FAROFA! Não vai faltar animação!!! Divulguem! Compartilham! Compareçam! Vai ser bom demais! Desenho de Thaís B. Portela.
Nós Vamos
Invadir Sua Praia
Daqui do morro dá pra ver tão legal
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
Nós 'tamo' entrando sem óleo nem creme
Precisando a gente se espreme
Trazendo a farofa e a galinha
Levando também a vitrolinha
Separa um lugar nessa areia
Nós vamos chacoalhar a sua aldeia
Precisando a gente se espreme
Trazendo a farofa e a galinha
Levando também a vitrolinha
Separa um lugar nessa areia
Nós vamos chacoalhar a sua aldeia
Mistura sua laia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Ou foge da raia
Sai da tocaia
Pula na baia
Agora nós vamos invadir sua praia
Daqui do morro dá pra ver tão legal
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
O que acontece aí no seu litoral
Nós gostamos de tudo, nós queremos é mais
Do alto da cidade até a beira do cais
Mais do que um bom bronzeado
Nós queremos estar do seu lado
Agora se você vai se incomodar
Então é melhor se mudar
Não adianta nem nos desprezar
Se a gente acostumar a gente vai ficar
A gente tá querendo variar
E a sua praia vem bem a calhar
Então é melhor se mudar
Não adianta nem nos desprezar
Se a gente acostumar a gente vai ficar
A gente tá querendo variar
E a sua praia vem bem a calhar
Não precisa ficar nervoso
Pode ser que você ache gostoso
Ficar em companhia tão saudável
Pode até lhe ser bastante recomendável
A gente pode te cutucar
Não tenha medo, não vai machucar
Pode ser que você ache gostoso
Ficar em companhia tão saudável
Pode até lhe ser bastante recomendável
A gente pode te cutucar
Não tenha medo, não vai machucar
O MAR PELA GRETA
nós vamos invadir sua praia!
1
CONDIVIDIR:
das aldeias
tupinambás à sede da capitania para decair em subúrbio da Victória para depois
ser moradia de estrangeiro e vir a ser um complexo residencial de condomínios
verticais de alto padrão incorporados à malha urbana de Salvador — vulgo
Corredor da Vitória
Maria do
Carmo Baltar Esnaty de Almeida - “alguns
estudos, que já se detiveram no processo de laicização do espaço público,
apontam para um aburguesamento da cidade e de sua arquitetura, relacionando-as
à ascensão de uma nova classe dominante, a burguesia, em substituição às
oligarquias rurais. Esta classe, que promove modificações na estrutura urbana
conforme seus interesses, ocupa trechos específicos da cidade que melhor
refletem suas idealizações”. (ALMEIDA, A
Victória na Renascença Bahiana, 1997, p.13).
a arquiteta
- o período da primeira administração estadual de J.
J. Seabra (1912-1916) configurou uma série de obras de melhoramento e
embelezamento na cidade do Salvador depois de um período de estagnação
econômica e epidemias. O gosto da época era o ecletismo: tipologia
arquitetônica própria de uma classe burguesa que dá primazia ao conforto, ao
progresso e adora as novas tendências, reduzindo a produção artística ao gosto
da moda.
Maria do
Carmo Baltar Esnaty de Almeida - “no Corredor
da Victória, a arquitetura torna-se o meio pelo qual a elite da Salvador
republicana define de uma forma nova o seu papel dirigente, distinguindo no
conjunto a prevalência de uma classe, e, individualmente, a afirmação de cada
um dos ricos proprietários no espaço urbano. Na arquitetura aí produzida, é
possível identificar a aceitação de certas normas a priori — ao que Argan chamaria de comportamento arquitetônico —,
com a finalidade de afirmar, acima do privado, um caráter cívico comum. Ainda
que não se possa falar de erudição, referindo-se à totalidade da arquitetura aí
existente, observa-se, de um modo geral, a predominância de uma linguagem
classicista e monumental nas habitações de maior porte, como que à busca de uma
legitimação social. A eleição deste repertório formal pela elite, com a
anuência do estado, aponta novamente uma base clássica nas idealizações da
cidade”. (ALMEIDA, A Victória na
Renascença Bahiana, 1997, p.222-223).
2
COM-SENTIR:
no alto da
Boa Viagem, em Niterói/RJ, está a “flor” desenhada por Niemeyer. Contemplar o
Museu de Arte Contemporânea sobre a falésia e apreciar a baía de Guanabara é
algo inusitado. A fusão de tantas qualidades espaciais torna vista a apoteótica:
curva, água, céu e pedra.
a arquiteta
- depois de passear pelos arredores da cidade e
adentrar no corredor de árvores centenárias que margeiam parte da Avenida Sete
de Setembro é de se notar o caráter diferenciado instaurado em trecho tão
específico. Calçadas bem tratadas, paisagismo exuberante, casarios antigos de
porte aristocrático, museus, hotéis e um padrão atual de moradia que só faz
acentuar a tradição de nobreza. A gente, da janela do ônibus, fica imaginando
como é a vida naquele fragmento de cidade abençoado por uma vista tão magnífica
para a Bahia de Todos os Santos e também tão restrita. Depois de um suspiro,
uma piscada longa e uma pequena pausa entre dois condomínios verticais, eu
comentei: Nossa… que marzão! E meus amigos baianos caíram na risada.
amigos
baianos – calma mineirinha… Já estamos chegando na praia!
a arquiteta – mas o mar já está aqui, mesmo por detrás destes prédios! Ver o mar
pela greta foi o que restou…
3
COMPARTILHAR:
o melhor que
a vida pode oferecer em um só lugar. E este lugar só podia ser o Corredor da Vitória.
Compartilhe essa ideia!
O projeto único, do arquiteto
Sidney Quintela, reúne todo o glamour da Vitória no último espaço disponível
para construção nessa área nobre com a exclusividade de apenas 16
apartamentos, de alto luxo, todos duplex. São unidades de 3 suítes,
com opção de planta livre e varanda com hidromassagem. Um conceito inédito
de moradia por oferecer instalações de alta tecnologia que, além de preservar a
qualidade de vida dos moradores, preserva também o meio ambiente. Exclusividade
é isso: ter tudo o que você encontra nas melhores revistas e tudo o que você
nunca viu em outro endereço.
Infraestrutura para quem sonha
alto!
4
CONDIVIDIR:
tomar parte
no mesmo tal como o gado condivide o pasto
Sítio em que Diogo Álvares (Caramuru) vivia com os índios e os seus
descendentes < parcelado pelo donatário Francisco Pereira Coutinho <
formação da sede da capitania [Vila da Bahia ou Vila do Pereira] < Pereira
Coutinho distribui sesmarias ao longo do mar < o primeiro donatário finda
devorado pelos Tupinambás < a vila é atacada < a torre forte destruída
< habitantes dispersos < Tomé de Souza implanta nova sede administrativa
em sítio protegido < declínio da Vila do Pereira passando a denominar-se
Vila Velha < belas chácaras construídas por estrangeiros < afirmação do
caráter aristocrático < ocupação do mercado imobiliário com fins
especulativos < lugar para poucos < da rua avista o mar só pela greta
5
COM-SENTIR:
partilha sem
objeto — um com-sentir originário que constitui a política
a arquiteta – a vida sinaliza fatos que nos faz criar dispositivos que efetivam
presenças por meio de linguagens incapazes de calarem a voz. Mas, por outro
lado, existem estratégias que teimam em silenciar a voz impondo dispositivos
que controlam, estabilizam e solidificam a natureza volátil das coisas. Essas
estratégias atuam com muita convicção do seu poder, porém com pouca noção do
próprio engrandecimento.
Já que o marzão só é visto pela fresta, vamos curtir o mar pela greta!
6
COMPARTILHAR:
uma vez que a transformação em bens de consumo se torna um dos
principais modos de integração na cultura vigente as mudanças realizadas no
nível da imagética não podem ser subestimadas. “Em vez de se falar em culturas
ativas ou passivas, pode-se falar agora em apropriação mútua. Mesmo que uma
iconografia seja roubada, ela continua ativa, (…) [podendo] ocupar a imaginação
daquele que se apropria, ao oferecer uma simulação de experiências que a
cultura nativa se tornou incapaz de produzir”. (OLALQUIAGA, Megalópoles, 1998, p.85-86)
fã page Carol Érika do facebook - gente, se
ligue nessa! Domingo, dia 15/01/12, às 10h, no Corredor da Vitória, em frente
ao ACBEU vai rolar "O Mar pela Greta". Iremos ocupar a calçada
vestidos com trajes de banho e confraternizar o que resta de vista para o mar.
Levem binóculos, acessórios de praia, crianças, gato, cachorro, periquito e
comidinhas e bebidinhas para completar a grande ceia: FRANGO COM FAROFA! Não vai
faltar animação!!! Divulguem! Compartilham! Compareçam! Vai ser bom demais!
a arquiteta - sujeitos espectrais curtiram a beça pelo face!
Até hoje me perguntam como foi O MAR PELA GRETA.
7
CONDIVIDIR:
a cosmogonia da Cabala Luriânica diz que D’us fez o espaço em si mesmo
para que tudo pudesse ser vazio, porém, quando algo é explicitado, o Todo passa
a ser subentendido pelas partes. Partes que variam em fatos que se desdobram em
formas capazes de revelar as riquezas acumuladas num plano etéreo da
civilização, relacionando o singular e o universal em diferentes condições.
Isso nos faz crer que a Criação é um ato de forma e quanto mais se cria mais se
aprende com elas.
“O Mar pela Greta" - performance integrante do
Projeto Insurgências Urbanas, contemplado pelo edital Giro das Artes Visuais de
Apoio à Circulação de Exposições 2009.
01 guia
01 rádio de pilha
01 esteira
01 piscina de plástico
01 caixa de isopor
01 saco de gelo
Brinquedos de praia
Frango e farofa
Descartáveis
Água e refrigerante
Estire a esteira, arme os brinquedos, refri no
gelo, frango com farofa e som na caixa!
segurança do ACBEU - o que é
isso aqui? Ah… tá…
as pessoas que passavam - passavam,
olhavam e nada mais…
outras pessoas - reparavam andando.
uma pessoa - vocês vão morar aqui?
um morador de rua - delícia
de frango. Vou nessa! Valeu! Tchau!
Miguel - mamãe! Cadê as pessoas? Cadê os amigos?
as poucas pessoas foram chegando aos poucos e logo
iam se servindo e alimentando discussões sobre apropriações de espaços públicos.
Tudo na paz… na mais perfeita ordem…
a arquiteta - frango, farofa, sombra e água fresca! Tudo era
bem fresco na verdade e, lá na frente, no outro lado da calçada, a vista
encalorada do mar, como se não nos pertencesse. Tudo seguia calmo e tranquilo
como se fosse normal estender a praia até a calçada. Crianças a brincar…
pessoas a passar… o tempo a passar… e a conversa que passa solta como numa
praia de fato. E o cansaço foi chegando e, lá pelas 16h, a praia foi acabando…
Informações importantes:
Aconteceu no dia 15/01/2012, às 11h00min.
Duração: 5h00min
Performer: Carol Érika e Miguel Quiloa
Assistente de produção: Adalberto Palma
Assistente de cozinha e limpeza: Net
Foto: Aldren Lincoln
Vídeo: Marcondes Dourado
Agradecimento especial: Ana Fernanda, Apolo, Ísis, Maicyra Leão, Márcio Lima, Paula Carneiro, Silvana Olivieri e Zmário
Este projeto foi contemplado pelo edital Giro das Artes Visuais de Apoio à Circulação de Exposições 2009
Referências:
ALMEIDA, Maria do Carmo Baltar Esnaty de. A Victória na Renascença Bahiana: a ocupação do distrito e sua arquitetura na Primeira República (1890-1930). Salvador: MAV/FAUFBA, 1997.
OLALQUIAGA, Celeste. Megalópolis: sensibilidades culturais contemporâneas. Tradução Isa Maria Lando. São Paulo: Nobel, 1998. 144 p.